REALIDADES FILTRADAS – CULPADOS E INOCENTES

Iniciámos os jogos este ano com vontade de falar de paradoxos, de contrários, já que o teatro promove isso mesmo, e através dessas contrariedades, alcançamos uma dialética – necessária à salubridade de qualquer estado democrático. Debruçámo-nos em conceitos como democracia, diálogo e teatro e percebemos que os três conceitos são companheiros e nasceram ao mesmo tempo e no mesmo sítio. Este adentramento constituiu-se, mais tarde, como uma moldura para destacar a discussão que queríamos levar a cena: quanto vale uma vida humana e até que ponto estamos dispostos a ceder o nosso tempo se dessa cedência estiver dependente a vida de alguém? Qual é a posição/distância que cada um de nós assume relativamente a uma situação de injustiça, mesmo que essa situação não faça parte do nosso quadrante geográfico?

Num tempo em que somos todos júris e juízes unívocos, em que passamos sentenças com pouca abertura para a partilha de ideias, em que fazemos jus à controversa frase “nunca me engano e raramente tenho dúvidas”, criámos uma situação ficcional que se passa na sala de crise de um tribunal de Coimbra, onde terá lugar o julgamento de um jovem. Aqui um júri de trinta e quatro membros decidirá o seu futuro a curto prazo. Trinta e três querem a condenação do réu mas há um membro que olha noutra direção. Haverá consenso?

A partir do texto “Doze Homens em Fúria”, de Reginald Rose;

Adaptação, direção, sonoplastia e operação: Alexandre Oliveira;

Iluminação e montagem: Alexandre Oliveira e Diogo Marques;

Produção Executiva: Luiz Serrano;

Imagem: Tiago Cerveira

Produção: Teatro Loucomotiva