ASCENSÕES POÉTICAS EM TEMPOS DE APOCALIPSE

Haverá alguém responsável por nascermos como nascemos? Será que passamos por algum “sítio” que nos constrói, que nos fabrica e prepara (se sim, como?) para o mundo. E será que nesse sítio, quem nos faz, faz-nos pacientes ou de pavio curto? Com propensão para bondade ou para a maldade? Permeáveis ao encanto ou frios e distantes? E quem é que é que fez quem nos fez? E se nos fazem como é que ainda não foi reestruturada a proposta, como é que ainda não houve uma alteração nos procedimentos se o mundo é cada vez mais frio, violento e distante e se quem o faz assim são as pessoas?

Neste exercício/espetáculo propomos uma reflexão acerca da forma como somos moldados, das escolhas que fazemos, de acordo com as nossas experiências, que invariavelmente classificarão a nossa pegada no mundo. A abertura da cortina de Arlequim revela-nos um escultor de almas taciturno, ajudantes muito capazes e sorridentes que parece que mantêm a atmosfera menos pesada e as almas em processo de construção, permeáveis a tudo e, como tal, suscetíveis aos primeiros contactos. É, em suma, uma oficina de construção de almas e só a uma será dado acesso à Maravilhosa Oportunidade da Vida.